terça-feira, 18 de abril de 2017

Henrique Eduardo Alves e Geddel Lima teriam recebido R$ 322 mil de propina por obra no Piauí

Henrique Alves, ex-ministro do Turismo.
Os ex-ministros Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima vão ser investigados pela Procuradoria da República no Piauí pelo suposto recebimento de pagamento de propina de duas empreiteiras para a realização da obra Tabuleiros Litorâneos, no litoral do estado. Os dois foram citados em delações premiadas na Operação Lava Jato pelo recebimento de um total de R$ 322 mil.
As informações foram divulgadas após o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo sobre o processo e determinar o envio dos autos para a Procuradoria da República, com cópia para a Justiça Federal no estado.
Segundo o Ministério Público, as delações premiadas de Ariel Parente Costa, João Antônio Pacífico Ferreira, Cláudio Melo Filho e Paulo Falcão Corrêa Lima Filho, mostraram que houve acordo de mercado entre empreiteiras na obra Tabuleiros Litorâneos, em Parnaíba, e pagamento de vantagens indevidas a Henrique Alves, que teria recebido R$ 112 mil, e Geddel Vieira Lima, que teria recebido R$ 210 mil. O MPF afirmou ainda que a informação da propina teria sido corroborada pelos documentos relativos às trocas de e-mails entre as empreiteiras e os agentes públicos.
Em nota, Henrique Eduardo Alves afirmou que nunca tratou com Ariel Parente Costa ou qualquer outro dirigente da Odebrecht sobre qualquer obra no Brasil. “Relação unicamente institucional, inclusive ao receber, via Diretório Nacional do PMDB, doações legais para campanha eleitoral. A Justiça com minha colaboração provará o que afirmo”, finaliza a nota.
Geddel Viera Lima nega todas as acusações e diz que as delações nas quais ele é citado não passam de ficção.
O MPF defende que seis empreiteiras combinaram para ganhar três obras, entre elas a dos Tabuleiros Litorâneos. As obras eram de responsabilidade do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS), que fazia parte do acerto com as empreiteiras e colocava exigências técnicas no edital da licitação com a intenção de restringir a competividade e direcionar o certame. De acordo com o MP, o acordo deu certo e as empreiteiras Odebrecht e Queiroz Galvão venceram a licitação para a obra no litoral do Piauí.
Em nota, a Odebrecht afirmou entender que a avaliação de relatos dos executivos e executivos é de responsabilidade da Justiça, com quem já está colaborando. O DNOCS não se posicionou e disse que quem foi citado nas delações foi o ex-diretor do órgão José dos Santos Rufino, que não foi encontrado para comentar as alegações do Ministério Público.
Ninguém da Queiroz Galvão foi encontrada para comentar a citação da empresa pelos delatores.
Obra
O DNOCS iniciou a construção dos tabuleiros litorâneos no fim da década de 1980, com nove mil hectares com canais de irrigação, em lotes para pequenos produtores. A primeira etapa só ficou pronta mais de dez anos depois e custou R$ 198 milhões.
A segunda etapa, na qual já foram gastos R$ 267 milhões, segundo o DNOCS, se arrasta há 9 anos. Atualmente, a obra está parada.

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