"Lamentamos que o Brasil tenha profissionais de mídia como ela. Há muita desinformação". A declaração do sociólogo Olavo Queiroz, que é presidente da Casa de Amizade Brasil-Cuba Associação Cultural José Marti do Rio Grande do Norte, faz referência ao comentário da jornalista potiguar Micheline Borges, que comparou médicas cubanas a empregadas domésticas. O comentário da jornalista foi publicado nesta terça-feira (28) em uma conta dela no Facebook. Após a repercussão negativa, a profissional excluiu seu perfil.
"Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas tem uma Cara de empregada doméstica. Será que São médicas Mesmo? Afe que terrível. Médico, geralmente, tem postura, tem cara de médico, se impõe a partir da aparência...Coitada da nossa população. Será que eles entendem de dengue? Febre amarela? Deus proteja O nosso povo! (sic)", dizia a mensagem publicada por Micheline.Para o presidente da Associação, a jornalista fez uma comparação xenofóbica causada pelo desconhecimento sobre Cuba. "Ela começou pedindo desculpa. Não sabe se é preconceito, não sabe o que diz. Não tem o menor sentido, eu acho graça, não tem o que comentar. É uma xenofobia causada pelo desconhecimento”, colocou.
Em entrevista ao G1, a jornalista pediu desculpas a quem se sentiu ofendido e disse que foi mal interpretada. "Foi um comentário infeliz, só gostaria de pedir desculpas, fiquei muito angustiada. Ganhou uma proporção muito grande nas redes sociais, onde as pessoas interpretam do jeito que querem. Não tenho preconceito com ninguém, não quis atingir ninguém, nem ferir a imagem nem a profissão de ninguém", declarou.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte (Sindjorn) divulgou nota na manhã desta quarta-feira lamentando a "postura equivocada, falta de zelo e respeito", da jornalista. A nota, Sindjorn afirma que atua na vigilância constante contra "qualquer tentativa de cercear o direito de imprensa e opinião", mas "não admite nenhum tipo de preconceito".
O diretor do Sindicato dos Empregados Domésticos do Rio Grande do Norte, Israel Fernandes, confirmou que Micheline será acionada judicialmente. "Nós vamos processá-la por racismo", informou.
Segundo a Casa da Amizade Brasil-Cuba, o país caribenho exporta médicos para 180 países em todo o mundo. Além disso, a chegada de profissionais estrangeiros através do programa Mais Médicos, do Governo Federal, só teria sido criticada por causa dos cubanos. “Geralmente falta conhecimento sobre Cuba. E onde se fala sobre Cuba, há um estardalhaço. Na minha opinião há uma resposta de extrema direita, beirando à violência”, explicou.
De acordo com o presidente, a associação é um grupo virtual de pessoas que conhecem, têm interesse ou simpatizam pela ilha da América Central. “Essa declaração não nos estranha, porque sempre que se fala de Cuba é assim. Mas ter essa discussão é muito bom para a gente. As pessoas se interessam em saber que país pequeno e pobre é esse que está mandando médicos para o Brasil e para o mundo. É um debate salutar para que as pessoas conheçam Cuba”, concluiu.
Fonte: G1 RN
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